Este blog é dedicado : * Quem curte travestis hormonizadas e passivas , * Para quem quer virar travesti. * Machos predadores sexuais que adoram comer essas delicias de travesti e faze-las se sentir mulher
sexta-feira, 1 de maio de 2015
domingo, 26 de abril de 2015
gays no sistema carcerario
Como vivem os homosexuais na cadeias americanas:
http://www.huffingtonpost.com/2014/11/18/gay-wing-la-jail_n_6179292.html
Violência sexual na cadeia:
Honra e Masculinidade*
Enéleo Alcides da Silva
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS/UFSC)
Resumo Abstract
A violência sexual entre Sexual violence in prison
prisioneiros é muitas vezes is often justified by prisoners as
justificada como sendo a mani- the manifestation of a penalty
festação de uma pena, imposta imposed on other prisoners,
e prevista por uma "regra social which is prescribed by an
interna" dos presídios. Na Ca- "internal social rule". At the
deia Pública de Florianópolis a Florianópolis Public Jail, sexual
violência sexual é mais comum violence is most commonly
contra os novatos, sendo "viti- practised against newcomers,
mas" preferenciais os estu- mainly rapists, parricides, stool
pradores, parricidas, "cagoetas", pigeons, "tools" and efemina-
"laranjas" e "afeminados". Para tes. Such prisoners hurt the
os presidiários, estas categorias honor (i.e.: the codes of honor)
ferem a honra (leia-se: os códi- of society. Which is to say, not
*
Honor, masculinity and sexual violence amongst prisoners at the Florianópolis public
jail
[ Revista de Ciências Humanas
Florianópolis
123
v 15
n.21
p.123-138
1997
gos de honra) da sociedade. Não
somente da comunidade
prisional, mas da comunidade
externa de onde eles provém,
justificando, assim, uma punição
mais "apropriada" que a
imposta pelo Estado. Este
irabalho apresenta um Estudo de
Caso de Violência Sexual na
Cadeia Pública de Florianópolis
e suas implicações com as
teorias de gênero, masculinidade
e honra.
Palavras-chave: Violência
Sexual, Honra, Masculinidade,
Estupro, Prisão.
only the codes of honor of the
prisonal universe are touched,
but also those of the external
community where the prisoners
came from, therefore justifying
a more "appropriate" puni-
shment than the one prescribed
by the State. This work presents
a case study of sexual violence
within the Florianópolis Public
Jail and its relations with
gender theories and
conceptions of masculinity and
honor.
Keywords: Honor, Masculi-
nity, Sexual Violence, Rape,
Prison.
A violência sexual entre prisioneiros é muitas vezes
ernicamente l justificada como sendo a manifestação de uma pena,
imposta e prevista por uma "regra social interna" dos presklios. 2
Na Cadeia Pública de Florianópolis a violência sexual 3 é mais
comum contra os novatos, sendo "vitimas" preferenciais os
1
2
3
Fag() uso no meu texto dos conceitos fornecidos por Marvin Harris em A Natureza das
Coisas Culturais, distinguindo êmico para os discursos dos informantes e ético para os
discursos do pesquisador.
Este texto aborda apenas a violência sexual que é justificada pelos próprios presos
como sendo praticada em razão de um código de honra tácito existente entre eles, sem
discutir se esse código de honra é ou não apenas pretexto para justificar outros desejos.
Sobre esta discussão ver SILVA, Eneléo A., "In : Noções de Justiça em uma Perspectiva
Antropológica " , projeto de dissertação para o PPGAS/UFSC.
O Código Penal Brasileiro, no capitulo sobre crimes contra a liberdade sexual, defi ne dois
tipos de crimes sexuais praticados mediante violência ou grave ameaça: o estupro e o
atentado violento ao pudor. 0 estupro se caracteriza pelo constrangimento de mulher
conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça. Por conjunção carnal a Justiça
brasileira entende a penetração do pênis na vagina. Logo, se o ato praticado for diferente
de conjunção carnal o crime não sera de estupro, e obviamente, este tipo de crime
também não pode ser cometido contra homens. Se o crime sexual for contra homens, ou
contra mulheres sem a penetração do pênis na vagina e for praticado mediante violência
ou grave ameaça, será caracterizado como Atentado Violento ao Pudor.
124
estupradores 4 parricidas, "cagoetas" 5, "laranjas" 6 e "afeminados".
Para os presidiários, estas categorias ferem a honra (leia-se: o códi-
go de honra) da sociedade. Não somente da comunidade prisional,
mas da comunidade externa de onde eles provém, justificando, as-
sim, uma punição mais "apropriada" que a imposta pelo Estado.
Quem comete crime sexual contra mulher ou criança, violenta uma
"instituição sagrada": a família. Quem mexe na honra das mulhe-
res, fere também a honra dos homens. 0 mesmo ocorre com quem
mata o pai ou a mãe. Pai e mãe "são sagrados", e quem os agride
esta agredindo toda a comunidade. Os cagoetas traem o "acordo"
de cooperação e lealdade entre os companheiros, e os laranjas e
afeminados agridem porque ferem a regra de virilidade esperada
pelos demais membros da comunidade.
Não afirmo que estes são os motivos que levam os prisio-
neiros a violentarem seus pares, mas sim que as justificativas para
os seus atos estão fortemente baseadas nesses "códigos de hon-
ra", como expressão da masculinidade, da virilidade, passando
exatamente pela questão da proteção (leia-se também controle)
da família, das mulheres, ascendentes e descendentes.
As penas aplicadas às "vitimas" devem atingir e subjugar os
seus simbolos de masculinidade/virilidade. Sendo assim, os casti-
gos mais comuns, seguindo os depoimentos dos presidiários, são:
• violência física, como surras, espancamentos, mutilações,
• raspagem dos pêlos,
• penetração anal, pelos companheiros e pela introdução
de objetos como pedaços de pau, de ferro, de tubos de
desodorante, etc....
• a masturbação e felação nos companheiros,
•
desempenhar "papéis femininos", como ficar responsável
pela limpeza da cela e a lavação da roupa dos compa-
nheiros,
Os presos, no entanto, costumam chamar de estupradores tanto os autores de crime
de estupro como o de crime de atentado violento ao pudor.
Cagoeta (de caguete, alcaguete): dedo-duro, aquele que delata.
6 laranja: tonto, paspalhão, medroso, quem assume a culpa
de outrem, quem faz o que
os outros mandam.
4
125
imitar `papéis humilhantes", como "bicha", "Gretchem",
rebolar, etc....
Para um breve exemplo, apresento um estudo de caso, onde
podemos perceber melhor as implicações das teorias de gênero
no fenômeno da violência sexual na cadeia pública.
Marco7 é um rapaz de 19 anos, que mora na Agronômica,
em Florianópolis. No sábado, nove de janeiro de 1993, ele e mais
três amigos armaram suas barracas no Camping da CELESC na
Praia da Armação. No mesmo dia, Marco conheceu Heloisa, 29
anos, casada, que o convidou para ir a um barzinho à noite.
Os dois se encontraram, conversaram, beberam e foram
passear pela praia. A uma hora da manhã, Marco convidou
Fieloisa para comer ovos cozidos em sua barraca. Eles entraram
e fecharam o zíper.
As três horas da manhã Heloisa saiu da barraca, começou
a chorar ao ver seus amigos e disse que foi estuprada.
Mesmo contra a vontade de Heloisa, seus amigos
chamaram a policia e Marco foi levado para a Central de Plantão
Policial — CPP.
0 delegado de plantão achava que não havia indícios
suficientes da prática efetiva de estupro, porém, pressionado pelo
tio de Heloisa, que era comissário de policia, lavrou o flagrante.
Marco chegou à cadeia pública às 20 horas do dia 10 de
janeiro de 1993. Ele tinha marcas roxas no peito, nas pernas,
nas costas, nas nádegas e no rosto. Segundo ele, os ferimentos
foram provocados por policiais da CPP, onde ficou preso durante
todo o dia, sem receber qualquer tipo de alimentação.
Ao ingressar na cadeia pública, Marco ficou no corredor
com os demais detentos esperando a hora de entrar na cela. Nos
primeiros cinco minutos, um detento fez com que Marco lhe
entregasse os tênis que estava usando.
Foi só eu entrar no corredor e veio um cara com cara de bandido, devia
ter pelo menos o dobro do meu tamanho, e disse: — tira esse tênis que
caso descaracterizado.
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quero. — Na mesma hora eu tirei e dei pra ele. Eu me esforçava para não
demonstrar que eu estava com medo, mas eu não conseguia parar de
tremer. Também, eu tava fraco de fome.
Logo em seguida, outro preso pediu a camiseta que Marco
estava usando, a qual tinha ganho da namorada.
Naquela hora eu me apavorei e pensei — agora eles vão pedir o meu
calção e depois vão começar a me bater. Eu pensava: mais uma hora
aqui e eu morro. Se tivesse que voltar pra la, eu me matava.
No seu primeiro dia, como é comum ocorrer com os recém-
chegados, Marco foi forçado a fazer a limpeza da cela, incluindo
ai a limpeza do "boi", espécie de vaso sanitário que é um buraco
no chão, e a lavação da roupa dos companheiros, recebendo
assim o "status" de "Mãe" ou "Mãezinha", que é como os presos
chamam àqueles responsáveis por este tipo de tarefa.
Marco dormiu no chão da cela que era dividida com mais
oito prisioneiros. Nada de muito grave aconteceu na primeira
noite, porém, na segunda noite, os companheiros resolveram fazer
o que chamam de sessão "raspagem". Com uma gilete velha
começaram a raspar seus pêlos e fazer chacotas. Quanto mais
Marco chorava, mais eles o humilhavam.
O Bigua mandou eu tirar o calção. Eu comecei a chorar. Ele chegou pra
mim com a gilete e disse que ia me cortar todo. Não tinha nada que eu
pudesse fazer. Eu só pensava na minha familia. 0 que eles estavam
sentindo por ter um filho na cadeia. Ninguém ia acreditar que eu era
inocente. Mas eu não tinha feito nada. Ela dormiu comigo porque quis.
Eu não forcei nem um pouco.
Dois dos detentos obrigaram Marco a masturbá-los. Outros
dois queriam que ele os felasse. Marco recusou e eles começaram
a dar tapinhas de leve em seu rosto e a brincar com um cigarro
aceso, chegando a queimá-lo na virilha.
Tinha um que estava deitado na cama e que eu pensava que era o
mandão, que dizia: — para com isso, deixa o gurizão em paz — mas eles
não obedeciam. Eu tava tremendo. Eu sabia que tinha dois ali que
estavam com AIDS. Eu pensava: se eles vierem pra cima de mim eu
morro.
127
Marco foi forçado a praticar felação em três detentos e no
dia seguinte deixou que praticassem com ele sexo anal.
Aqui fora é outra coisa, mas la dentro não tem nada que você possa
fazer. Eles são mais e mais fortes. Você fica fraco. E como se você não se
pertencesse. Tudo acontece e parece que nem é mais você.
Marco saiu da cadeia depois de três dias, completamente
transtornado. Não contou nada do que aconteceu prá ninguém.
Nem prá família, nem prá namorada, que rompeu o namoro,
nem pros amigos, nem pros médicos.
Eu chorava muito, muito e queria abraçar todo mundo, eu nem acreditava
que tinha saído de la, mas eu continuava tremendo e com medo, nem
sei do quê. Se tivesse que voltar pra la eu me matava.
Nos seis meses que se seguiram, o único objetivo de Marco
era provar a sua inocência. Ele passou a trabalhar num escritório
de contabilidade e todo o seu saldrio era para o pagamento do
advogado. Somente depois de três meses ele conseguiu falar para
o advogado que tinha sido violentado na cadeia, que tinha medo
de estar com AIDS e que tinha medo de fazer o ieste. Ele foi
orientado sobre as conseqüências da violência e da AIDS e lhe
foi indicado um local onde ele foi fazer o exame.
A Masculinidade
Para além das implicações psicológicas, o que podemos
perceber neste breve relato é como os presos manipulam os
conceitos de gênero, tais como, papel, identidade, construção e
desconstrugdo da masculinidade numa perspectiva de aplicação
de uma sanção penal informal (frise-se: eticamente ilícita)
emicamente justificada como oriunda de códigos de honra.
A utilização por parte dos presos de conceitos como "rnde/
mãezinha", que passa a ser atribuído à "vitima", de uma forma
pejorativa, num primeiro momento, como ritual de humilhação
e a assimilação por parte da "vitima" desse "papel", passando
então a desempenhar as tarefas a ele inerentes, como a limpeza
da cela e a lavagdo de roupas, enfim as tarefas tidas no plano
êmico como domésticas ou "femininas", nos mostra uma
separação entre um "papel de gênero feminino" e uma "identidade
de gênero" masculina.
Este universo da cadeia pública, limitado à presença de
"corpos masculinos" ou "sexos biologicamente masculinos", nos
permite perceber como os prisioneiros manipulam os conceitos
de "feminino e masculino", como tentam reconstrui-los ou
desconstruf-los, refletindo o quanto estes conceitos de "feminino
e masculino" são eles próprio "construiveis", "reconstruíveis" ou
"desconstruíveis", de acordo com o que propõe as teorias de
gênero da antropologia.
Aqui precisamos recorrer às teorias de Fry (1982), que ao
estudar a sexualidade brasileira utilizou-se de critérios
específicos, separando, de um lado sexo biológico (macho e fê-
mea), e de outro, gênero, subdividido em papel de gênero (mas-
8
"Estudo de caso" in: SILVA, Eneléo, "Violência Sexual na Cadeia Pública de
Florianópolis", Projeto para seleção de ingresso ao PPGAS/UFSC, 1994.
129
(masculino e feminino), comportamento sexual (se mantém
relações sexuais com o sexo oposto ou com o mesmo sexo, e no
caso de homossexuais masculinos, se é passivo/penetrado ou
ativo/penetrador) e orientação sexual (preferência em transar com
o mesmo sexo ou com o sexo oposto).
Assim, Fry separa pelo menos três facetas do gênero
masculino que podem ocorrer independentemente em
combinações entre si. No caso de homens, podem ter:
uma identidade masculina (considerarem-se homens)
e ter uma vida sexual heterossexual, porém com um
desejo ou atração (somente ou também) por pessoas
do mesmo sexo.
uma identidade masculina (sentirem-se homens), com
uma vida sexual homossexual e desejo por pessoas do
mesmo sexo.
uma identidade masculina (sentirem-se homens), com
uma vida sexual homossexual e desejo por pessoas do
sexo oposto (como é comum acontecer na cadeia em
razão do confinamento).
• uma identidade feminina (sentirem-se mulher) com vida
sexual heterossexual e desejo por pessoas do mesmo
sexo.
• uma identidade feminina, com vida sexual homossexual
e desejo por pessoas do mesmo sexo.
•
• ou mesmo uma identidade feminina, com vida sexual
homossexual e atração por pessoas do sexo oposto.
Outras variações ainda são possíveis, e essa vida sexual e
esse desejo/atração por pessoas de outro sexo ou do mesmo sexo
podem ser eventuais ou permanentes.
A rigor, tenderíamos a pensar que a masculinidade padrão,
no entanto, seria a encontrada em um indivíduo com uma
identidade de gênero masculina, uma pratica sexual exclusivamente
heterossexual e um desejo constante por pessoas do sexo oposto.
Porém, podemos perceber através de algumas etnografias que esse
130
padrão de masculinidade varia de cultura para cultura, e esses três
critérios apresentados por Fry, não são necessariamente definidores
da masculinidade.
Na etnografia apresentada anteriormente, percebemos que
a "vitima" que desempenha forçosamente o papel "passivo" terá
sua masculinidade questionada, lesionada e, conseqüentemente,
sua identidade humilhada, tratada seja como mulher ou como
homossexual. No polo oposto, porém, o agressor (ou agressores)
que desempenha o papel ativo, na relação sexual forçada, não
tem como ameaçada a sua identidade de gênero masculina,
apesar do seu efetivo envolvimento numa prática sexual
homossexual. Neste caso especifico de relações sexuais entre
homens só a "vitima" é vista como desempenhando um papel
humilhante. 0 papel do agressor é enaltecido: ele é viril, penetrador,
poderoso, másculo, agressivo, e está desempenhando papel de
homem. Esta concepção êmica da masculinidade nos remete
novamente a um conceito de Fry (1980) de que as questões de
gênero masculino/feminino estão intrinsecamente relacionadas
com a questão de "atividade/passividade" , onde a
homossexualidade não é percebida pela relação entre parceiros
do mesmo sexo mas pela posição em que esses parceiros ocupam.
Os agressores que penetraram Marcos "são homens", Marcos que
foi penetrado "fez o papel de bicha".
Retornando ao caso da Cadeia Pública de Florianópolis, o
ritual de raspagem dos pêlos da "vitima" é outro elemento chave
132
para entender mecanismos simbólicos utilizados pelos presidiários
para interferir diretamente na "masculinidade da vitima". Os
pelos são interpretados emicamente como símbolo da virilidade
(palavra chave indissociável de masculinidade). 0 seu corte age
simbolicamente como o corte dessa virilidade. A transformação
do "macho" em "fêmea". Além da transformação do papel de
gênero masculino, há aqui uma tentativa de se alterar o próprio
"corpo biológico masculino". 0 corpo másculo, viril, deverá ser
transformado num corpo feminino, liso, sem pêlos, para depois
ser penetrado: estagio último da transformação de homem para
mulher (ou homem para "bicha").
Presidios
Considerando-se o
caráter exclusivamente masculino das prisões e por se tratar de
local
onde os sujeitos são
coagidos a permanecerem por períodos longos de tempo é evidente a
importância dos presos
homossexuais, sobretudo – mas não apenas - no período anterior à
instituição da visita
íntima, que, no Brasil, ocorreu em 1987 para os homens e em 2001
para as
mulheres.
De acordo com Bourdieu
(1999), as manifestações de virilidade se situam na lógica da
exploração e da honra
e, neste sentido, não há humilhação e desonra maior para um homem
do que
ser transformado numa
mulher. Dentre as inúmeras relações de dominação que se
constituem nas
prisões, a posse
sexual aparece como uma manifestação de potência por excelência,
expressão mais
acabada de subjugação
do outro.
O corpo, enquanto
objeto possuído pelo indivíduo, funciona como o mais importante
signo
de marcação das
assimetrias sociais e da desigualdade na distribuição de poder uma
vez que não
pode ser desvinculado
da pessoa a que pertence (RODRIGUES, 1983). Neste sentido, a
violação
sexual do homem preso
impõe ao corpo destes indivíduos uma marca definitiva que irá
determinar a
sua posição social
neste universo, ao longo de toda sua pena. Uma vez penetrado, o homem
preso
nunca mais será visto
como homem pelos companheiros e passará a ocupar a posição mais
subalterna neste
sistema social, sujeito a todo tipo de humilhações.
A centralidade do sexo
e do gênero como marcador das relações de poder na prisão
decorre
da reação do
indivíduo preso à permanência prolongada num ambiente sem
mulheres. Qualquer
traço de fragilidade
ou qualquer demonstração de fraqueza podem expor seus portadores à
condição
feminina, isto é,
subordinada. Se um “homem” se sentir vítima do assédio de
outro, a manutenção
da sua identidade
masculina dependerá de sua capacidade de uso da força física
contra o agressor
como forma de afirmação
de sua honra e de sua virilidade. A ausência de uma resposta nesses
termos é traduzida em
termos de fraqueza e é suficiente para fixá-lo na posição de
mulher3.
Conforme notou também
Welzer-Lang (2001) os homens que não lutam contra a opressão da
qual
são vítimas são
rebaixados à categoria de mulher, com todas as conseqüências daí
decorrentes,
como a obrigação de
assumir as tarefas “domésticas”. Por este motivo – isto é,
pela ausência de
reação violenta aos
abusos sofridos – é que esses homens são culpabilizados pela
posição que
ocupam, o que reforça
ainda mais o estigma de que são portadores, sobrepondo uma
violência
simbólica que torna
mais cruel a agressão física da qual são vítimas.
Desta forma, a sujeição
sexual no interior da prisão possui um significado mais amplo, que
ultrapassa o âmbito
específico da sexualidade. Uma vez tendo sido violado, o homem preso
perde
os atributos
definidores da masculinidade, de forma que poucas opções lhe
restam, senão adotar o
papel feminino, com
todas as implicações decorrentes desta mudança de “gênero”
que vão desde a
exclusão de qualquer
posição decisória nos negócios “do crime”, até a
responsabilidade por
atividades
historicamente associada às mulheres, como a limpeza das celas e a
lavanderia. A prisão
reproduz, desta
maneira, a divisão sexual do trabalho em vigor na sociedade mais
ampla que reserva
às mulheres as tarefas
mais desprezadas, signos da ocupação de uma posição inferior na
hierarquia
social.
Conforme sustenta
Welzer-lang (2004) a dominação masculina e a homofobia são as
duas
faces que constituem a
forma de dominação através da qual os presos homossexuais são
subjugados. São essas
duas faces que dão sustentação à subordinação de uma
determinada categoria
de presos que tem em
comum uma identidade não atrelada à noção de virilidade,
associada,
sobretudo, ao exercício
da força física.
Em consonância com
essa lógica, na qual virilidade, poder, força física e
masculinidade
estão entrelaçadas,
Trammel (2007) chama atenção para o fato de que o preso que submete
o outro
ao seu poder garante a
sua posição de “homem” mesmo engajado numa relação
homossexual. O
papel ativo na relação
lhe confere a posição dominante, reforçando sua honra masculina e
sua
virilidade uma vez que
o outro, o dominado, é socialmente construído como mulher.
Tem-se então que
aquele que, no ato de natureza homossexual exerce a função de
ativo, sai
da relação altamente
positivado, uma vez que exerceu o papel de macho dominante. Por sua
vez, o
passivo, sofrerá
sanções já que sua prática é vista como anti-natural, e se torna
índice de seu papel
de dominado, reservado
normalmente às mulheres. A referência é ainda o modelo
heterossexual, já
que a dominação é
associada à penetração (WELZER-LANG, 2001).
Historicamente os
homens presos têm feito da sujeição sexual uma das form
Homossexual, apesar de
a prática ser frequente, “bicha” é somente aquele que faz o
papel
da mulher na relação
sexual. A cadeia é lugar de macho. O interessante é que as
“mulheres” da cadeia
assumem todos os papéis
femininos que a sociedade machista lhes atribui na sociedade livre
(cuidar
do marido, da cama, do
“quarto”, da comida e suas obrigações conjugais).
A teoria habermasiana
ajuda nessa reflexão ao destacar o papel das instituições
organizadas para formar
consensos. Outro ponto significativo é a maneira pela qual as
regras,
compartilhadas por
qualquer agrupamento humano, se potencializam criando identidade e
legitimidade
para os pares. Isso nos
dá uma base, por exemplo, para entendermos o processo de
prisionização e as
regras compartilhadas
pela “sociedade dos cativos”.
Uma possibilidade para
a “sociedade dos cativos” é entendê-la a partir da
delinquência.
Ao entrar na prisão, o
sujeito vai ter que se integrar a um dos dois grandes grupos
existentes: os
malandros (aqueles que
possuem essa gramática) e os não malandros (aqueles que não
possuem). Sua
aceitação passa pelo
domínio dessa gramática, ou discurso, do mundo do crime. É uma
primeira
separação importante
para mostrar como o indivíduo, ao entrar na prisão será tratado e
como ocorre o
processo de
internalização do uso da linguagem prisionizada por parte dos não
malandros, pois mesmo
20
sendo eles a maioria,
os estilos de fala e símbolos compartilhados são construídos pela
delinquência
(malandros).
Os não malandros vão
passar por uma série de rituais, até definir seu papel social na
cultura prisional que,
de maneira geral, podem ser: virar “mulher” de preso; pagar para
ser protegido;
Travestis e o sistema carcerário no Brasil
“Travesti responsável por comercializar drogas. A primeira palavra que eles puseram no meu B.O. (boletim de ocorrência) foi travesti. A sociedade em si discrimina muito”. Com essa fala, a transexual feminina Liz Vitoi, de 26 anos, irrompe a tela do premiado documentário A ala, do jornalista Fred Bottrel, que estreou semana passada. Com cachos longos e louros, eleita Miss Trans Prisional, Liz revela detalhes sobre a rotina da ala criada especificamente para homossexuais no Presídio de Vespasiano, na cidade de mesmo nome, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
“Se cortarem meu cabelo, eu me mato”, avisou Liz, ao ser recolhida por furto na cela masculina de uma cadeia do interior mineiro. Na época, ela se rebelou contra o procedimento padrão para homens presos, que exige raspar a cabeça, eliminar adereços, cortar as unhas e vestir o uniforme da prisão. Ela e outros 105 presidiários em Minas Gerais assinaram um termo de reconhecimento de homossexualidade, como forma de se proteger da homofobia dentro das celas.
Mutilação
Uma das inspirações para o surgimento da “ala gay” em Minas foi o contundente depoimento do travesti Vitória Rios Fortes, de 28, enquadrado por tráfico em 2009. “Eu era obrigada a ter relação sexual com todos os homens das celas, em sequência. Todos eles rindo, zombando e batendo em mim. Era ameaçada de morte se contasse aos carcereiros. Cheguei a ser leiloada entre os presos. Um deles me ‘vendeu’ em troca de 10 maços de cigarro, um suco e um pacote de biscoitos”, denuncia Vitória, que passou a mutilar os braços para chamar a atenção da diretoria da penitenciária na época.
“Tenho uma cabrita para treta” é a espécie de senha usada entre os presos das unidades carcerárias para homens, quando alguém dentro da cela se referia aos serviços prestados pelo preso com outra orientação sexual. “Fiquei calada até o dia em que não aguentei mais. Cheguei a sofrer 21 estupros em um dia. Peguei hepatite e sífilis. Achei que iria morrer. Sem falar que eu tinha de fazer faxina na cela e lavar a roupa de todos. Era a primeira a acordar e a última a dormir”, desabafa.
“Dentro das cadeias, os travestis são usados como moeda de troca entre os presos”, compara Walkíria La Roche, coordenadora de Diversidade Sexual do governo de Minas. Ela conta ter ficado quatro dias sem dormir depois de ouvir relatos semelhantes aos de Vitória, em visitas aos presídios. Com a equipe, passou a conceber um projeto capaz de proteger a integridade física dos prisioneiros no estado. “Muitos evitavam declarar a homossexualidade dentro da prisão para não sofrer preconceito. Nem todo gay é afeminado, mas os travestis e transexuais já trazem isso no crachá”, compara ela. Na resolução federal, esses gêneros podem optar por ser transferidos para unidades prisionais femininas. Nos outros casos, é também opção do preso declarar-se ou não homossexual.
“Tenho uma cabrita para treta” é a espécie de senha usada entre os presos das unidades carcerárias para homens, quando alguém dentro da cela se referia aos serviços prestados pelo preso com outra orientação sexual. “Fiquei calada até o dia em que não aguentei mais. Cheguei a sofrer 21 estupros em um dia. Peguei hepatite e sífilis. Achei que iria morrer. Sem falar que eu tinha de fazer faxina na cela e lavar a roupa de todos. Era a primeira a acordar e a última a dormir”, desabafa.
“Dentro das cadeias, os travestis são usados como moeda de troca entre os presos”, compara Walkíria La Roche, coordenadora de Diversidade Sexual do governo de Minas. Ela conta ter ficado quatro dias sem dormir depois de ouvir relatos semelhantes aos de Vitória, em visitas aos presídios. Com a equipe, passou a conceber um projeto capaz de proteger a integridade física dos prisioneiros no estado. “Muitos evitavam declarar a homossexualidade dentro da prisão para não sofrer preconceito. Nem todo gay é afeminado, mas os travestis e transexuais já trazem isso no crachá”, compara ela. Na resolução federal, esses gêneros podem optar por ser transferidos para unidades prisionais femininas. Nos outros casos, é também opção do preso declarar-se ou não homossexual.
Banho de sol e dia da beleza
Como os outros, a fachada do Presídio de Vespasiano inspira medo, com as torres de segurança, arame farpado e homens fortemente armados da vigilância. Não há arco-íris brotando em cima do tijolo de concreto. Na portaria, é preciso enfrentar vistoria e deixar o documento de identidade. O tratamento mais humanizado aos presos homossexuais se revela nos detalhes. Às quintas-feiras, o banho de Sol dá direito ao dia da beleza, que inclui liberar secadores de cabelo. “Não dá para antecipar o direito ao secador para a minha colega? Ela está há uma semana sem lavar a cabeça”, implora um dos detentos, com os braços para fora da cela e unhas esmaltadas de lilás.
A diretora de atendimento ao preso, Fernanda Viana, explica que, para emprestar a chapinha, irá pedir autorização ao diretor geral da unidade, Cláudio Welson Eloi Gonçalves. Segundo ela, aquela cela recebe presos que acabaram de ser transferidos e ainda não conquistaram o direito ao uso do secador de cabelos. “Já sei o que aconteceu. Ela não quer ficar sem os cabelos lisos e só vai lavar o dia em que conseguir a chapinha”, conta ela, falando na mesma língua dos homossexuais com características femininas. “Ser mulher facilita, porque eles deixam aflorar as mesmas carências”, completa.
Sem um ponto de apoio do lado de fora, os gays usam os telefonemas permitidos para combinar o envio de maquiagens e esmaltes pelos Correios. Não se trata de relação afetuosa. A dívida será cobrada do lado de fora dos muros. Da primeira vez, Rodolfo Lúcio dos Santos, de 22, cumpriu pena por roubo. Está de volta por suspeita de ter matado o parceiro, o que ele nega. “Aqui tem o benefício de fazer as sobrancelhas e as unhas”, diz o homossexual, que sofreu na cadeia do Bairro Palmital. “Eles não quiseram me aceitar na cela, só pelo fato de ser homossexual. Fui parar no seguro, a cela isolada onde ficam os estupradores”, diz.
A separação de celas é uma reivindicação antiga do movimento homossexual
Allison Parente Lima, 24 anos, que se apresenta como Julye, responde processo e aguarda julgamento por tráfico de drogas
Foto de Filipe Faraon / Especial para Terra
“Nós cumprimos duas sentenças aqui: uma imposta pelo juiz e outra imposta pelos prisioneiros”. O relato de um presidiário homossexual publicado no relatório O Brasil Atrás das Grades: Abusos Entre os Presos, da ONG Human Rights Watch, em 1997, ainda é realidade nas casas penais brasileiras. Há décadas, ter aparência delicada já traz riscos de abusos em celas masculinas. Só há quatro anos os Estados começaram a tomar atitude mais contundente contra isso.
Seguindo uma tendência internacional de separação de detentos de acordo com o perfil, o Pará se tornou o quinto Estado brasileiro a oferecer celas exclusivas para lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, grupo conhecido como LGBT. A medida já havia sido adotada em Minas Gerais, em 2009, e, depois, no Rio Grande do Sul, Paraíba e Mato Grosso.
Há cerca de dois meses, o Centro de Triagem Metropolitano 2 (CTM 2), no município de Ananindeua, e o Centro de Recuperação do Coqueiro (CRC), em Belém, passaram a setorizar presos de acordo com a orientação sexual. O objetivo é diminuir conflitos e proteger homossexuais de qualquer forma de violência.
Antes dessa separação, o CTM 2 já tinha uma ala de idosos e doentes, no qual eventualmente eram alocados homossexuais acusados de crimes não-violentos. Isso fez com que Allison Parente Lima, 24 anos, que se apresenta como Julye, tenha corrido menos riscos nos últimos 14 meses em que está no local. Ela responde processo e aguarda julgamento por tráfico de drogas.
Mesmo assim, a cicatriz no seu antebraço direito mostra que o detento não esteve imune. Antes da criação da cela LGBT, um preso "ficou afim” delq e fez de tudo para ser transferido para a mesma ala, de presos idosos. “Ele conseguiu e, um dia, ele ficou com ciúme porque me viu conversando com outro e me atacou com um estoque de ferro, gritando que ‘viado’ tinha que transar’”, conta a vítima.
Tratamento hormonal , pra quem quer virar uma linda e gostosa boneca
Tratamento hormonal MTF (Masculino para Feminino) para Travestis e Transexuais.
1° - Todo e qualquer tratamento hormonal precisam de ajuda médica (Endocrinologista) e psicológica, antes do início do tratamento, para saber a dosagem correta para seu corpo e para você ter certeza de quer mesmo isso.
2° - Nunca use esses medicamentos por conta própria, pois eles possuem contra indicação e podem causar doenças. Sempre procure uma ajuda profissional.
3º - Esses hormônios são para tratamentos de uma pessoa com idade acima de 18 anos, Se você tiver menos idade, seu caso precisa ser acompanhado frequentemente por um médico. Essa terapia tem melhores resultados quando o paciente tem entre 18 a 28 anos de idade, Não sendo tão profundo quando já está em uma idade mais avançada, como depois dos 38 anos.
De início são usados três tipos de medicamentos como os:
Antiandrógeno: Responsável pela castração química, que é a eliminação da testosterona, e gera uma menor intensidade nos pelos.
Progestogênio: Responsável pela maturação das glândulas mamárias e seios, e atua como anti-carcinogênico na utilização do estrogênio.
Estrogênio: Responsável pela redistribuição da gordura do corpo para as coxas, nádegas e quadris, maturação dos seios, clareamento da pele e outras características femininas.
4º - O tratamento termina em torno de 5 anos, quando nenhuma alteração pode ser notada, Mas a utilização dos hormônios são para sempre.
O tratamento hormonal gera:
- Diminuição da fertilidade ou até esterilidade completa.
- Diminuição do tamanho do pênis.
- Aumento gradual dos seios.
- Redistribuição de gordura para regiões tipicamente femininas.
- Mudança nos pelos, se torna mais lento e podem ficar mais claros e finos.
- Perda de massa muscular.
- Mudanças na epiderme, a pele fica mais clara e fina, e a sensibilidade ao toque aumenta.
- Mudança nos odores, como o suor, a urina e a pele.
- Mudanças nas emoções, deixando a pessoa mais emocional.
- Gera menos suor.
- Mudanças na voz ou Pitch vocal.
- Redução dos pelos faciais. (Barba).
- Mudança no formato ou tamanho da ossatura do corpo.
- Mudança no tamanho no pomo-de-adão. (Gogó)
- Diminuição do tamanho dos pés, mãos e ombros. (Apenas fica mais feminino).
hormonios femininos em travestis e transsexuais (MTF)
Para uma boa terapia hormonal é usado: Estrogênio (reponsável pelas características secundárias femininas, tais como: redistribuição de gordura, clareamento da pele, tornando-a mais fina, lisa e sensível ao toque.
Progesterona / Progestogênio: ( responsável pela maturação da glândula mamária, a quem diga que ajuda na prevenção do câncer de mama , porém não há estudos definidos sobre o uso em transexuais.
Antiandrógeno: (responsável pela diminuição ou eliminação da testosterona, é importante o uso do antiandrógeno na dieta hormonal para que o estrogênio aja melhor.)
No mercado há inúmeros medicamentos contendo em sua formula o Estrogênio, são eles: 17-beta Estradiol, Valerato de Estradiol, Etinil Estradiol, Estrogênios Conjugados, Enantato de estradiol, e etc...
17-beta Estradiol micronizado: Hormônio bioidêntico ao produzido nos ovários das mulheres, um dos hormônios mais utilizados por transexuais do mundo todo, podendo ser administrado por via sublingual ou ingerindo com água, um potente hormônio feminino para quem busca uma boa feminilização.
Temos hoje no Brasil os seguintes medicamentos 17-beta Estradiol micronizado: Natifa e Estrell, ambos com 1mg de Estradiol
Valerato de Estradiol: É um pró-fármaco do 17-beta Estradiol humano ou seja, ele não é classificado como estradiol natural humano, mas quando é metabolizado pelo organismo torna-se parecido com o hormônio natural humano, Valerato de Estradiol é 40% menos potente que o 17-beta Estradiol micronizado.
Medicamentos que contém em sua fórmula Valerato de Estradiol: Climene, Elamax, com 2mg de Valerato de Estradiol e 1mg de Acetato de Ciproterona.
Medicamentos que contém em sua fórmula Valerato de Estradiol: primogyna, com 1mg ou 2mg valerato de estradiol
EtinilEstradiol: Estrogênio sintético e mais potente na feminilização, cuidados devem ser tomado se optar pelo Etinil,por exemplo não fumar e não administrar o etinil com nenhum outro hormônio seja ele comprimido ou injetável.
Medicamentos que em sua fórmula contém EtinilEstradiol: Diane 35 e similares (Selene,Tess, diclin entre outros.) cada drágea contém: 2,0 mg de acetato de ciproterona e 0,035 mg de etinilestradiol .
Estrogênios Conjugados: Estrogênio obtido da urina das éguas prenhas. Premarin é o nome do medicamento que contém em sua fórmula Estrogênios Conjugados, os mesmos cuidados devem ser tomados igual ao Etinil na administração dos Estrogênios Conjugados.
Enantato de estradiol: Anticoncepcional injetável que contém um sua fórmula acetofenido de algestona 150mg (progestogênio) 17-enantato de estradiol 10 mg ( estrogênio) importante o uso do injetável pois ele tem apenas uma passagem pelo fígado e assim minimizando os efeitos colaterais e garantindo uma melhor ação.
O injetável mais usado entre transexuais e travestis é a Perlutan, cada ampola de 1 ml contém: acetofenido de algestona (diidroxiprogesterona) 150 mg; enantato de estradiol 10 mg
Antiandrógeno:
Androcur (acetato de ciproterona) Um potente antiandrógeno que bloqueia o hormonio masculino ( testosterona) e assim permitindo que o hormonio feminino ( estrogênio) aja melhor. O androcur (acetato de ciproterona) bloqueia a testosterona que causa nos homens a calvície e outras características segundárias masculina.
Acetato de Ciproterona é o genérico do Androcur e ambos com 50mg e 100mg o antiandrógeno mais utilizado entre Travestis e Transsexuais.
Espironolactona ( Aldactone) ou Finasterida:
Espironolactona é um diurético poupador de potássio e previne que os niveis de potássio fiquem muito baixos. A Espironolactona é utilizada também para outros fins tais como no caso de transsexuais Masculino para Feminino como antiandrógeno.
Finasterida: é um medicamento antiandrógeno inibidor da 5-alfarredutase, a enzima que converte a testosterona em di-hidrotestosterona. Usado para tratar calvície em homens.
Este é apenas um texto explicativo, é importante acompanhamento médico pois cada organismo reage de um jeito diferente com esses medicamentos, o que pode ser bom para mim, não será para você.
Dietas Hormonais
Abaixo algumas dietas hormonais utilizadas por muitas meninas, lembre-se em procurar sempre auxílio médico, pois somente um médico saberá oque será melhor para você.
Dica 1:
- 25mg mg Acetato de ciproterona (androcur) ou 100 mg Espironolactona(aldactone) ou 2.5 mg de finasterida
- 2mg Climene/Elamax ( Valerato de Estradiol) ou 1 mg natifa/estrell (17 beta estradiol)
- 1 perlutan mes
( Esquema mais usado pois a Ciproterona vai diminuir a testosterona, 2mg Estradiol para transformação do corpo uma perlutan para um up transformação
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Dica 2:
- 25mg Acetato de Ciproterona (androcur) ou 100 a Espironolactona (aldactone) ou 2.5 mg de finasterida
- 4mg Climene/Elamax ( Valerato de Estradiol) ou 2mg Natifa/Estrell (17-beta Estradiol micronizado) sublingual.
* Esquema para as meninas que não querem tomar a Perlutan por algum motivo, acrescenta-se na dieta mais 2 mg de Estradiol e fracionar a cada 12 horas, ou seja 2mg de manhã e a noite.
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Dica 3:
- 1 Perlutan a cada 15 dias
-25mg acetato de ciproterona (androcur) ou 100mg espironolactona(aldactone) ou 2.5mg de finasterida *opcional
* Deve-se ter cuidado nessa dieta pois muito hormônio pode causar muitos problemas entre ela a prolactina elevada.
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Dica 4:
- 25 mg Acetato de Ciproterona ou 100mg de Espironolactona*opcional
- 1 ou 2 comprimidos de Diane 35 ou 1 ou 2 comprimidos de Premarin (0.625mg)
* Para quem vai eleger o EtinilEstradiol na dieta deve-se tomar muito cuidado pois os riscos são grandes. O AAS infantil vai diminuir os riscos do Etinil no corpo.evitar fumar e beber e utilizar bastante agua.
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dica 5:
-4 mg climene/elamax
*nesse caso deve-se fracionar tomar um comprimido branco pela manha e um marrom a noite 1 comprimido de 12/12 horas tome na ordem que quiser apenas tome dois diarios
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Dica 6:
- 4mg Climene/Elamax
- 1 perlutan mensal.
*1 comprimido de climene/elamax 12/12 horas do dia 1 ao dia 21 aplicar a perlutan no dia 22
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- Dica 7
- 1 ou 2 comprimidos de Diane 35
- AAS 100mg
* o AAS infantil ira afinar o sangue pois diane tem um potencial trombogenico, porem AAS nao deve ser tomado com frequencia pois sangue muito fino tambem tras problemas
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Dica 8: para as operadas
- 1 premarim 0.625 ou 1 mg de natifa/estrell ou 2 mg de cicloprimogyna drageas BRANCAS
Este esquema dispensa os antiandrógenos por que depois da cirurgia o corpo não necesita de antiandrógeno.
Perlutan: Prós e Contras.
Perlutan, o injetável mais utilizado entre travestis e transexuais, irei abordar um pouco sobre ele, pontos positivos e cuidados na administração.
Já sabemos que é o Estradiol que nos feminiliza, sabemos também que para uma boa terapia hormonal devemos administrar um Antiandrógeno + Estradiol para quem quer uma feminilização 100%, e aProgesterona ou Progestinas (progestogênios) o que são?
Progesterona é o segundo hormônio feminino , na mulher ele age preparando o corpo para gravidez e amamentação e também na libido.
Pois bem meninas, como nós travestis e transexuais não temos útero ou seja não podemos engravidar rsrsrs o uso da Progesterona é útil ou não? Isso dependo pois a Progesterona ou o Progestogênio pode ser:Antiandrogênico (Acetato de Ciproterona) Androgênico(levonorgestrel) ou Nenhum e nem Outro (Algestona Acetofinada) da perlutan.
Para as meninas que não querem usar um antiandrógeno pode optar pela Perlutan, pois a progesterona contida nela ajuda a baixar a testosterona em alguns casos se for administrada a cada 15 dias ou a cada 21 dias e mais 2 comprimidos de Estradiol (17-beta Estradiol ou Valerato de Estradiol)
Perlutan também ajuda na libido, algestona acetofinada é uma progestina e as progestinas ajudam na nosso libido, se for administrado por mês é um ótimo viagra hahaha.
A Perlutan libera uma quantidade grande de Estradiol na primeira semana, depois ela libera muito pouco Estradiol e mais Progesterona.
Se não for bem administrada a Perlutan pode causar trombose, pode deixar seu nível de prolactina alto e assim ferrando sua hipófise, retém muito líquido e incha bastante ( engorda horrores rsrs) além de atrapalhar sua terapia hormonal, invés de você feminilizar pode masculinizar e isso não é bom. o.O
Por isso bato na tecla que o melhor é adminstrar a Perlutan mensal, assim você não sobrecarrega seu organismo pois esse injetável foi feito para ser tomado mensalmente, então sem exageros meninas o correto é: Antiandrógeno + Estradiol. Só tomar Perlutan ou outro injetável se seus níveis de estradiol estiverem baixos ou para ajudar a dar um Up na transição, sobre taxas hormonais na terapia MtF irei abordar em outra postagem.
O que esperar dos hormônios???
Testosterona faz você ganhar massa muscular e perder gordura. Estrogênio faz o oposto, fazendo você perder massa muscular e ganho de gordura.No geral, os efeitos dos hormônios diferem muito de pessoa para pessoa. Algo que pode acontecer rapidamente para uma pessoa, pode levar mais alguns meses para a outra, ou até mesmo não acontecer nada. Algumas meninas tem a gordura redistribuída de forma diferente, algumas meninas terão crescimento de seios que são normais para o seu quadro, alguns até maiores e outros menos do que a média para os seus quadros. Mas como uma diretriz, não espere nada. Apenas permita-se a aceitar e apreciar as mudanças que você conseguir!
Muitas trans sentem-se frustradas com o ritmo lento das mudanças provocadas pelo tratamento hormonal. Às vezes se esquecem que na puberdade as mudanças físicas levam alguns anos, doses mais elevadas de hormônios não necessariamente produzem resultados melhores ou mais rápidos. Por exemplo, a forma da mama de mulheres genéticas adultas só é alcançado após vários anos de exposição ao estrogênio durante a puberdade, e elas têm tamanhos muito diferentes de mama. É semelhante para as mulheres trans, algumas das quais nunca vão desenvolver nada mais do que seios muito pequenos. Aliás estrogênio em excesso é convertido em testosterona e pode cegar os receptores de estrogênio.
Hormônio de um sexo não vai, diretamente, desfazer algo que o hormônio do outro sexo fez. Então não espere que eles mudem a sua voz ou a estrutura óssea, pois isso não é papel do estrogênio, se bem que as mudanças psicológicas podem influenciar no modo de falar....
Possíveis riscos
Toda a medicação tem efeitos colaterais, e algumas pessoas podem ter reações adversas sérias. Você precisa estar ciente dos possíveis riscos antes de decidir iniciar o tratamento.
Os riscos mais graves quando os estrogênios tomar são:
Trombose
Trombose venosa profunda (TVP)
Embolia pulmonar (bloqueio de um vaso sanguíneo nos pulmões)
Alteração da função hepática.
Alguns casos de câncer de mama e de próstata em pessoas transexuais MTF têm sido relatados na literatura. Há vários estudos que sugerem que a terapia com estrogênio não aumenta o risco de câncer de mama no curto prazo (< 20 -30 anos).
O que os hormônios prometem?
Infelizmente, há pouca pesquisa sobre o uso de hormônios sexuais em transexuais. A orientação portanto é, que seja utilizado de forma flexível, atendendo às suas necessidades específicas e mantendo o risco para sua saúde o mais baixo possível.
Logo abaixo está uma tabela com o tempo médio de desenvolvimento das características induzidas pelos hormônios:
efeitoComeçoMaximoRedistribuição gordura corporal3 a 6 meses2 a 3 anosDiminuição massa muscular/força3 a 6 meses1 a 2 anosAmolecimento da pele/oleosidade3 a 6 mesesdesconheçidaDiminuição da libido/desempenho sexual1 a 3 meses3 a 6 mesesDiminuição das ereçoes espontaneas1 a 3 meses3 a 6 mesesDisfunção sexual masculina (castraçao quimica)VariavelvariavelMaturação glandulas mamarias (seios)3 a 6 meses2 a 3 anosTamanho reduzido dos testiculos3 a 6 meses2 a 3 anosProdução reduzida de espermatozoidesDesconheçidaMais de 3 anosRedução do crescimento de pelo terminal6 meses a 1 anoMais de 3 anosCabeloNão rebrotaNão rebrotaAlteração da vozNenhumaNenhuma
Lembre-se que isso só é uma média, nem todas as pessoas reagirão da mesma maneira.
Monitoramento
Uma coisa muito importante é fazer exames regularmente, pois assim é possível tanto ajustar os níveis de hormônios às suas necessidades quanto checar a sua saúde.
Avaliar a paciente a cada 3 meses no primeiro ano e depois 1-2 vezes por ano, depois de monitorar os sinais apropriados de feminização e para o desenvolvimento de reações adversas.
Exame de testosterona e estradiol séricos cada 3 meses.(testosterona deve ser menor que 55 ng/dl e estradiol deve ser menor que 200 pg/ml).
Basicamente, aqui no Brasil, temos as seguintes opções:
-1) Valerato de Estradiol: Climene, Elamax, primogyna (eles tem a mesma formulação, por isso os agrupei, eles são iguais, com a diferença de que o elamax é mais barato): cada drágea contém 2 mg de valerato de estradiol, e em 11 delas - cada cartela tem 21 comprimidos - há, além do valerato de estradiol, também uma dosagem pífica de 1 mg de acetato de ciproterona. Logo, por ser uma quantidade pequena, não faz muita diferença para nós, a ordem de tomar, pode ir seguindo os dias da cartela.
Doses variam muito, conforme a idade do paciente e outros fatores. Mas em geral 2 comprimidos por dia é a dosagem usual. Há sites estrangeiros, como o a Anne Lawrence, que recomenda a ingestão de 8 mg de valerato de estradiol por dia, o que corresponderia a quatro drágeas. Mas pessoalmente, creio ser uma dosagem perigosa e desnecessária.
O valerato de estradiol, é um sal de estradiol. Isso significa o que? Que ele não é idêntico ao estrogenio produzido pela mulher, mas ao ser metabolizado pelo corpo, acaba se transformando no estradiol propriamente dito.
2) Equilinas: ( Estrogênios conjugados - Premarin e seus similares como Repogen): Eles são levemente mais potentes que o valerato de estradiol, e tem uma vantagem interessante: eles circulam no sangue sem ligar-se a SHBG, que é uma proteína que funciona como esponja, ela "chupa" o hormônio, impedindo que ele circule livre no plasma. Nesse caso, ele consegue driblar a SHBG e circular de forma livre, portanto mais potente ( hormônios ligados a proteínas tem menor efeito, daí de nada adianta vc ter um estradiol alto se todo ele estiver ligado a uma SHBG alta, daí a importância de dosá-la nos exames).
A dose de 1 comprimido de 0,625 mg, para as já operadas. Pre-operadas, devem usar pelo menos dois comprimidos, dando 1,25 mg, podendo ir até 2,5 mg. Sempre comece com uma dose baixa e vá aumentando progressivamente. Um comprimido de 0,625 no primeiro mês, por exempĺo. Não é recomendável já iniciar a dose total, visto que o organismo necessita de um período de adaptação.
3) Estradiol:( Estrofem,natifa,estrell) : Este é o medicamento que contém o mesmo estradiol produzido pelas mulheres. Ele é mais potente que o valerato de estradiol, cerca de 40% mais. Logo, se vc estiver usando elamax e quiser trocar por estrofem, terá de usar uma dosagem um pouco menor, já que ele é teoricamente mais potente. O estrofem é um dos medicamentos mais usados por transexuais. Há quem diga que pode-se fazer o uso sublingual dele, por ser micronizado, mas eu não acredito nessa conduta. O ideal é tomar pelo menos dois comprimidos, via oral
4) Etinilestradiol:(diane 35 e similares) Este é o tipo de estradiol encontrado nas pílulas anticoncepcionais. Ele é eficaz? Sim. Mas também é muito perigoso, tendo um potencial trombogênico alto. Ele é levemente mais potente que uma dose equivalente de estradiol, ou valerato de estradiol, porém, é bem mais perigoso, ou seja, colocando numa balança, os riscos superam os benefícios.
Como ele não está disponível numa formulação em que venha só ( está sempre associado a progestágenos) não há como falar de todas as fórmulas que o contém. Algumas delas são o Diane 35, Ciprane, Ferrane, Tess. Essas que citei contém 2 mg de acetato de ciproterona junto ( são pílulas anticoncepcionais). Há aquelas que contém além do etinilestradiol, progestágenos masculinizantes, por isso NÂO são recomendados ( ex. ciclo 21 e similares).
Se for pra fazer uso de algum comprimido com etinilestradiol, prefira, obviamente os que tem acetato de ciproterona junto. Apesar de ser uma dose muito baixa de antiandrógeno, é infinitamente melhor que os progestágenos masculinizantes das outras formulações.
A dose máxima de etinilestradiol, tida como segura, no site da Anne Lawrence, é de 1 mcg ( o que corresponde a um pouco menos de 3 comprimidos). Logo, a dosagem máxima de qualquer formulação com 0,035 mg de etinilestradiol ( que é a dose mais comum encontrada em cada drágea), é de dois comprimidos no máximo.
Diane 35 parece funcionar bem para pessoas que começam os hormônios ainda na puberdade, pois ele consegue, com o pouco de antiandrógeno e com a função de diminuir o FSH, diminuir bastante a produção de andrógenos. Ainda assim, é um paliativo pra quem não pode arcar com coisa melhor.
Antiandrógenos
Um dos pilares da terapia hormonal para transexuais é o uso da substância citada no título: os antiandrógenos. Eles tem o papel de diminuir os hormônios masculinos produzidos pelos testículos, colocando o nível de testosterona dentro dos padrões de uma mulher, permitindo assim que o estradiol que vc tomar, aja melhor. Duas opções são as mais usadas: Aldactone ( que é o nome de marca, a substância e a Espironolactona), e o Androcur ( também é o nome da marca, o princípio ativo é o acetato de ciproterona).
O Aldactone foi feito originalmente para diminuir a pressão, sendo um diurético. Entretanto é amplamente usado por endocrinologistas por ter o efeito secundário de diminuir a testosterona.
Também é usado por dermatologistas, com este mesmo propósito, para tratar a acne induzida por androgênios em excesso, além do hirsutismo em mulheres.
Alguns ginecologistas também utilizam o aldactone para mulheres com síndrome dos ovários policísticos.
Assim, embora sua ação principal seja sim diurética, o efeito secundário de diminuir a testosterona tem sido aproveitado pela comunidade médica em vários tipos de condições não ligadas a hipertensão, sendo visto como mais do que uma droga específica só pra essa finalidade diurética, portanto.
Ele age de várias formas:
-inibindo algumas enzimas relacionadas a síntese de androgênios.
-bloqueia a DHT ligando-se a receptores de androgênios na pele
-compete e reduz a atividade da 5alfa redutase, que é responsável pela transformação da testosterona em diidrotestosterona.
-Eleva a SHBG.
Como já foi falado vc tem que tomar algumas precauções, por exemplo, evitá-lo se vc tem a pressão baixa.
Deve também diminuir a ingesta de potássio.
Já a ciproterona é um produto sintético que apresenta estrutura semelhante à dos hormônios sexuais naturais. Pode ser considerado como derivado da 17-alfa-hidroxiprogesterona. Na forma de acetato é potente antagonista de androgênios. Possui também atividade progestacional e suprime a secreção de gonadotrofinas. Atua como antagonista competitivo da diidrotestosterona pela sua ligação ao receptor androgênico. A ação terapêutica da Ciproterona resulta da inibição da produção de testosterona e da interferência na ação androgênica. Ciproterona é indicada no tratamento do hirsutismo intenso, alopécia androgênica grave, nas formas graves de acne e seborréia nas mulheres. Ciproterona ainda é usada no tratamento do câncer da próstata e para controlar a libido na hipersexualidade severa ou no desvio sexual em homens adultos.
Ambos os medicamentos reduzem a testosterona. Eles diferem entre si no quadro de efeitos colaterais, e na dosagem necessária para cada um.
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